domingo, 17 de abril de 2011

Parte II: Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho: A Visão do psicólogo Organizacional

Resultados

Os resultados apresentados caracterizam o perfil das organizações e dos psicólogos entrevistados. Quanto a Identificação, dos 10 psicólogos entrevistados 100% possuem pós-graduação em psicologia organizacional e desses, 20% possuem mestrado em psicologia da gestão de pessoas. Quanto ao tempo de formação e atuação, entre 2 a 23 anos de profissão. 40% realizaram algum curso na área de inclusão da pessoa com deficiência, respondendo ter sido de grande utilidade. !00% responderam ser relevante as Instituições de Ensino Superior incluírem disciplinas relacionadas a inclusão da pessoa com deficiência em todos os cursos.

Quanto a Instituição, os psicólogos entrevistados estão inseridos em empresas que compõe em seu quadro de 12 a 550 funcionários. Chegando a ter inserida de 2 a 8 funcionários com deficiência física, sendo essas de leve a moderada. 100% dos psicólogos entrevistados responderam que as empresas não sofreram nenhuma adaptação quanto as estruturas e equipamentos com a inclusão das pessoas com deficiência em seu quadro funcional.

Quanto a pessoa com deficiência,100% dos psicólogos entrevistados responderam que não havia diferença quanto ao desempenho das atividades, produtividade, responsabilidade na atividade desenvolvida, nível de absenteísmo e pontualidade em relação aos demais companheiros nas instiuições. 100% dos entrevistados responderam que as pessoas com deficiência estão sempre motivados para o trabalho.

Quanto a supervisão e controle específico nas atividades desempenhadas, 90% responderam que não há supervisão específica e 10% responderam que executam essa supervisão e controle, por causa da deficiência. 100% dos entrevistados responderam que todos se relacionam e interagem muito bem com os demais funcionários. Os entrevistados responderam que 90% das pessoas com deficiência que começaram a trabalhar na empresa estão até hoje, somente 10% respondeu que eles saíram pelo fato de ter escolhido outro tipo de trabalho.

Quanto ao trabalho de recursos humanos na instituição, 10% das pessoas com deficiência exercem algum cargo de liderança na instituição, os outros 90% estão inseridos em serviços gerais e administrativos. 90% dos entrevistados responderam que não havia contratado nenhuma pessoa com deficiência no quadro funcional antes da regulamentação da lei de cotas, 10% responderam que já havia contratado.

Quanto a atividade do psicólogo na instituição, ligada a gestão de pessoas com deficiência, 90% respondeu que desenvolve o trabalho de recrutamento e de seleção. 10% respondeu que além do recrutamento e seleção, desenvolve um programa de inclusão. Em se tratando das principais dificuldades quanto ao recrutamento e seleção das pessoas com deficiência, 90% responderam da falta de capacitação, formação e qualificação do profissional de recursos humanos e da pessoa com deficiência e 10% responderam que não encontravam o perfil adequado.

Quanto as estratégias utilizadas no recrutamento das pessoas com deficiência, 100% responderam que recorre as intiuições como APAES, ADEFI, amigos e funcionários, 30% responderam que além desses recursos utilizam também anúncios em jornais e internet.

Quanto a estratégia de seleção, 100% responderam que utilizam entrevista,testes psicológicos e dinâmicas de grupo ou individual. 30% responderam que além dos citados, realizam uma avaliação psicológica. 20% quando há algum surdo, solicita um acompanhante ou um intérprete de libras. 100% dos entrevistados responderam que não há acompanhamento dessas pessoas quanto ao desenvolvimento de sua satividades, somente é realizada uma avaliação de desempenho, assim como os demais funcionários. 100% dos entrevistados responderam que vê a pessoa com deficiência como outra pessoa qualquer, normal, com um grande potencial, sem preconceitos, positivamente.

Análise dos Resultados e Discussão

A pesquisa identificou que um avanço é observado, mesmo que timidamente em relação a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Observou-se as dificuldades vivenciadas pelos psicólogos na gestão dessas pessoas, a necessidade de um preparo e qualificação tanto do psicólogo quanto da pessoa com deficiência para a inclusão neste mercado e a necessidade da conscientização das empresas ao cumprimento dos decretos e leis existentes quanto a reserva de vaga e equiparação de oportuniddes a pessoa com deficiência nas organizações.

A pesquisa evidenciou que 90% das empresas pesquisadas do Vale do Aço com mais de 100 funcionários não estão cumprindo com a lei de reserva de vagas para pessoa com deficiência. Pois dados como a Empresa y que tem em seu quadro 300 funcionários, apenas 7 são pessoas com deficiência, enquanto o observado pela lei seria 9; a empresa x que tem em seu quadro 535 funcionários, apenas 5 são pessoas com deficiência, enquanto observado pela lei seria 21; a empresa h que tem 452 funcionários, apenas 5 são de pessoas com deficiência, enquando observado pela lei seria 14.

Dados como estes comprovam as estatística do IBGE para o Censo-2000, quando afirma que aproximadamente 24,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, ao que indica somente 537 mil estão inseridos no mercado de trabalho para uma comunidade nacional de 26 milhões de trabalhadores ativos (GUGEL, 2007, p.19).

As estatísticas comprovam o número significante dessa população, percebe-se também o número insignificante inserido no mercado de trabalho. Indagamos então as questões referentes ao Decreto n.° 3.298, de 20 de dezembro de 1999, seção IV, art.36 onde institui que a empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Destaca-se na pesquisa que o perfil da pessoa com deficiência é de um sujeito sem formação e qualificação profissional, pois de acordo com a fala de um dos psicólogos entrevistados: "Eles não tem formação profissional, não tem qualificação, a gente custa a encontrar pessoa deficiente pra preencher a vaga e quando a gente encontra não encaixa no perfil“. Segundo a pesquisas esses foram os principais fatores citados quanto a gestão dessas pessoas e sua inclusão no mercado de trabalho. Este fato também nos dá um entendimento da possível causa dos 90% das pessoas com deficiência estarem inseridas em cargos menos qualificados como serviços gerais (limpeza, embalagens) e administrativos (recepção).

Destaca-se também a importância da regulamentação da lei de cotas, pois só após esta lei é que observamos a inclusão das pessoas com deficiência. Em 90% das falas ouvimos: “Contratamos após a lei de cotas“. Observa-se então que mesmo prevista em lei, a contratação dessas pessoas não acontece de forma expontânea.

A pesquisa também evidenciou que as práticas e estratégias utilizadas pelos psicólogos quanto a gestão dessas pessoas não foram modificadas, os mesmos recursos que utilizam para as pessoas sem deficiência, utilizam para as pessoas com deficiência. Ou seja os testes, dinâmicas, entrevistas e avaliações psicológicas não foram adaptadas levando em conta as possíveis limitações. Exemplificando poderíamos citar uma pessos surda, precisaria de um intérprete de libras. Somente 20% disseram que pedem para virem acompanhadas do familiar ou de um intérprete.

Conforme Heinski (2003), a gestão das pessoas com deficiência deve ser cuidadosamente planejada, a empresa deve se preparar, se adaptar. A contratação das pessoas com deficiência requer uma política intra-empresarial e organizacional que envolve toda a estrutura hierárquica da empresa. Faz-se necessário que diretores, gerentes, chefes e funcionários entendam as várias dimensões dessa realidade. Do contrário, as pessoas com deficiência poderão ser contratadas a contragosto, ou somente para preencher a “cota da reserva de vagas”. Assim essas pessoas tenderão a ser marginalizada e a gestão poderá resultar em desperdício de esforços, tempo e dinheiro. A contratação da pessoa com deficiência requer, por parte da empresa, uma gestão da diversidade da mão-de-obra.


Para obter a Pesquisa na íntegra, favor contactar, via email.

Um comentário:

  1. eis aí uma questão difícil. A lei existe, mas as condições prá qualificação são poucas. A solução deveria partir das próprias empresas oferecendo cursos de capacitação para as pessoas com deficiência, ou o governo, para que a lei possa ser executada.

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