sábado, 13 de agosto de 2011

Parte II - Orientação Sexual em Pessoas com Deficiência Intelectual

Apesar das características específicas dos jovens com Necessidades Educativas Especiais, os objetivos da Orientação Sexual não são tão diferentes dos estipulados para os alunos sem deficiência.

Objetivos da Orientação Sexual:
-Reforçar a auto-estima e valorizar a imagem corporal;
-Aumentar os conhecimentos sobre anatomia e fisiologia humanas;
-Criar habilidades de comunicação de sentimentos e necessidades sexuais;
-Promover atitudes positivas e não culpabilizantes face aos seus sentimentos e comportamentos sexuais;
-Reforçar a confiança nos seus próprios juízos;
-Facilitar o conhecimento dos riscos que poderão correr;
-Reforçar atitudes de entendimento e aceitação dos sentimentos e necessidades dos outros;
-etc.

Conteúdos da Orientação Sexual
Existem algumas áreas importantes, que variam no que se refere à etapa do desenvolvimento psicossexual dos alunos.
São eles: Corpo em crescimento; Expressões da sexualidade; Relações interpessoais e Saúde sexual reprodutiva.
Para desenvolver os conteúdos e objetivos de cada etapa precisamos nos apoiar na psicologia do desenvolvimento; na programação curricular dos objetivos e conteúdos gerais; recursos materiais e humanos e características da população alvo.
Depois de ter isto em conta podemos definir os conteúdos a abordar, como por exemplo:
- Disfunções sexuais;
- Promoção da saúde sexual;
- Anatomia sexual e reprodutiva;
- Fisiologia da resposta sexual humana;
- Aspectos socioculturais na compreensão da sexualidade;
- etc.

Para que seja possível uma melhor definição dos conteúdos a aplicar em cada fase do desenvolvimento, apresentamos em seguida as características mais importantes das principais fases de desenvolvimento:

1 Sexualidade na infância
Nesta fase, a sexualidade assume características, tais como:
Controlo dos esfíncteres; Inespecificidade do desejo e do prazer; Início da integração social; Indissociação do prazer e dos afetos; Até aos 2 anos o prazer centra-se em aspectos sensórios-motores; Após os 2 anos, as relações de apego adquirem novas formas; Interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos; A moral sexual é exterior à criança, limitando-se a imitar as normas dos adultos; etc.

2 Sexualidade na latência:
Esta Fase ocorre entre os 8 e os 12 anos de idades tem como principal característica o fato de a sexualidade neste período parecer estar adormecida.Desenvolvimento a nível intelectual; Autonomia motora e relacional; Aceitação da moral sexual; Inibição da expressão da sexualidade, pudor com o corpo; As experiências sexuais ocorrem num contexto lúdicas; A identidade sexual reconhece-se como estável ao longo do tempo e diferenciada dos papéis do gênero; Algumas modificações corporais anunciam a chegada da puberdade.

3- Sexualidade na Adolescência:
Esta Fase começa por volta dos 12/13 anos e estende-se até cerca dos 18 anos. É Marcada por mudanças qualitativas no desenvolvimento psicossexual:
Alterações a nível Físico; Capacidade reprodutiva; Vivência de sensações eróticas; Distanciamento da família e aproximação dos grupos de pares; Procura de identidade e de autonomia pessoal; Necessidade de conhecer o corpo; A masturbação é predominantemente erótica; Descoberta de si próprio, por vezes assume a experimentação sexual no grupo de iguais; Testar intenso das sensações físicas e afetos; Consolidação da orientação sexual; As relações sexuais e afetivas são questionadas e dimensionadas em torno de aspectos como a intimidade, o amor e o compromisso; etc.

Tipos de Orientação Sexual:

Orientação Sexual Informal
Esta se dá através das nossas próprias vivências quotidianas, ocorre de forma espontânea, não programada, promovida pelas pessoas que são para nós significativas, como: país, amigos, etc.
Os Pais são agentes educativos importantíssimos, uma vez que representam, para os seus filhos figuras de apego e de identificação, pelo que possuem um papel preponderante no processo de aquisição da identidade sexual e do papel do gênero.

Conforme os livros, os pares constituem a principal fonte de informação em matérias de sexualidade. A sua forte influência deve-se à proximidade das idades e dos interesses. A mídia é também uma grande influência na vida da criança (por vezes constituem um agente negativo).

Enfim, existem diversos modelos de aprendizagem de sexualidade:
Modelos reais: pais e pares; Modelos intermediários: vestuário, jogos, atividades, e pinturas; Modelos exemplares: heróis, santos, figuras públicas.

Assim a Orientação Sexual formal e intencional é necessária pois desempenha um papel importante para o desenvolvimento da personalidade das crianças/jovens, assim como contribui para colmatar algumas faltas da Educação Sexual Informal.

Orientação Sexual Não Formal e Formal
Refere-se a um processo sistemático desenvolvido por profissionais de forma intencional e programada.

1- Orientação Sexual Formal:
É um processo intencional e programado de acordo com os elementos básicos do currículo (objetivos e conteúdos gerais, objetivos e conteúdos específicos, planejamento das atividades e avaliação da aprendizagem).
Desenvolve-se no âmbito do sistema educativo, onde o professor e a escola são assumidos como meios educativos ideais. Em suma, a orientação sexual formal pode assumir uma forma disciplinar ou inter e transdisciplinar.

2 - Orientação Sexual não Formal:
Objetiva-se a corrigir erros ou insuficiências da Orientação Sexual Informal e Formal, e desenvolve-se no contexto extra curricular, quer na própria escola, quer paralelamente ao sistema educativo. Esta é levada a cabo por agentes alternativos aos professores. Neste caso, os conteúdos da orientação sexual são dados de forma mais rápida e superficial, o que faz com que não seja percebida como área de interesse para todos.

Refletindo
Os avanços da medicina e os avanços ao nível social que as pessoas com deficiência mental têm alcançado nos últimos tempos têm sido muito significativos. Atualmente, algumas pessoas com deficiência mental são capazes de viver integrados na comunidade, estando expostos a riscos, liberdades e a responsabilidades.

Observa-se que a Orientação Sexual é cada vez mais uma necessidade nas escolas, seja no Ensino com Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais ou do Ensino Regular. Sendo assim, entende-se que um trabalho com uma equipe multidisciplinar composta pelo Departamento de Educação; Professores; Psicólogos; envolvendo a família, comunidade; mídia e todos os outros intervenientes na educação da criança/jovem, possibilitará um maior esclarecimento nesta área, favorecendo assim um desenvolvimento mais harmonioso e saudável.

Autor: Pedro Santos (Professor)
Adaptação: Wanilda Varela (Psicóloga)
Data: Agosto 2011
Site: http://edif.blogs.sapo.pt/2991.html