quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Aos Diretores e Inspetores Educacionais

Quero expressar a minha admiração aos profissionais da educação, DIRETORES, INSPETORES. Contexto este no qual também faço parte há bem pouco tempo. Trabalhando em escola especial.A APAE, como coordenadora do PROGRAMA TEACCH, no turno vespertino, um programa desenvolvido especificamente para pessoas do espetro autístico. Trabalho também como professora, lecionando disciplinas de psicologia e sou consultora em gestão com pessoas e especialista em psicologia do trabalho e das organizações.

Como psicóloga sempre tive um pé na educação, não só um pé...a mão, a cabeça, enfim, sempre me exerceu um fascínio a arte de ensinar. Deixar sua marca na vida de uma pessoa, fazer a diferença na vida de alguém, fazer parte de alguma forma do seu desenvolvimento, contribuir para uma sociedade pensante, questionadora e mais justa. Essas coisas sempre me fascinaram muito.

Confesso que relutei, me esforcei muito pra não trabalhar nesta área, pra não fazer parte deste grupo, posso dizer de idealistas. Muitas vezes queremos abraçar o mundo, salvá-los através dos ensinamentos e teorias que acreditamos ser importantes, e o são com certeza. Acho que não preciso nomear os motivos pelos quais relutei tanto, eles são bem conhecidos por todos, mas poderia citar como exemplo a desvalorização do profissional, o sentimento de menos valia, os salários baixos, a falta de estrutura, de estímulos, a falta...e por aí vai.

Mas neste momento gostaria de fazer uma pausa, refletir um pouco sobre nós mesmos, no nosso fazer, repensar nossos planos, recarregar nossas forças, recuperar nossas energias e o mais importante...resgatar nosso valor como pessoas, como profissionais.

Grande responsabilidade, diria que quase impossível se não fosse por um detalhe: Eu acredito que Deus usa as pessoas para tocarem os corações uma das outras e que a felicidade pode estar nas coisas simples da vida. Então hoje eu tenho a pretensão de tocar o seu coração.

Preciso que você me auxilie, se esvazie um pouco, desligue de seus pensamentos, faça silêncio, mas não somente um silêncio externo, mas um silêncio da alma, quando estamos muito cheios, cheios de nossas idéias, nossos pensamentos, nossas verdades, geralmente não prestamos atenção no que o outro está se esforçando em nos dizer.

Convido-os a parar e fazer um exercício de "ESCUTATÓRIA", viajando num poema de nosso querido Rubem Alves.

SLIDES “ESCUTATÓRIA”

A esta altura, depois de termos viajado no poema de Rubem Alves, que é um convite a "ESCUTATÓRIA", um exercício que nos permitirmos fazer quando nos reunimos. Minhas intenções em meio as minhas esperanças ao apresentar a vocês esse poema, é remetê-los as raízes, as suas raízes, persuadi-los a refletirem naquilo que te faz sonhar, das coisas que te faz feliz, das coisas que te proporcionam realização, do seu trabalho, do seu valor como pessoa.

A nossa sociedade está vivenciando momentos difíceis, a educação está um caos, luta-se por melhores salários, melhores estruturas, melhores profissionais. Se por um lado os professores se queixam que as famílias estão transmitindo a elas a responsabilidade da educação que cabe aos pais, por outro lado as famílias se queixam que os professores não dão conta da educação que lhes cabem como educadores.

Cabe aos diretores e inspetores algumas responsabilidades como:
1-Resultados escolares,
2-Promover o crescimento do rendimento escolar do aluno
3-Prestar contas à comunidade
4-e por promover na escola um ambiente de crescimento e oportunidades.

Acredito que sejam capazes de tudo isso e muito mais. Discute-se muito hoje sobre o “FRACASSO ESCOLAR”, as suas causas, os culpados.
Arrisco a dizer que o sucesso ou o fracasso do trabalho que desenvolvemos dependerá exclusivamente de como temos exercido o talento e o dom que Deus colocou nas nossas mãos como Educadores.

Talvez as frustrações tenham levado você a se sentir menos valorizado no seu exercício, te levado a se sentir angustiado, deprimido e até mesmo adoecido.

A classe de educadores estão no topo de pessoas que mais adoecem e se afastam do trabalho. Podemos dizer que psicomatizam as doenças, ou seja, muitas vezes o corpo adoece por problemas psicológicos, emocionais.
Gostaria de compartilhar com vocês uma teoria de forma bem romântica, de autoria do Dr. Dráuzio Varella. Não se trata de uma receita, se bem que ele é médico, mas aqui ele faz referências de coisas simples, dicas que podem melhorar em muito a sua qualidade de vida. São coisas que vocês já sabem, não precisaria de uma psicóloga para lhes dizer, mas estou aqui só para lembrá-los.

SLIDES “A ARTE DE NÃO ADOECER”

Então se não quiser adoecer você precisa:
1- Falar de seus sentimentos,
2- Tomar decisões,
3- Buscar soluções,
4- Não viver de aparências,
5- Aceitar-se,
6- Confiar e
7- Não viver sempre triste.


Gostaria de finalizar dizendo que vocês são importantes, que têm valor, que contribuem para a formação de cidadãos descentes, que estão contribuindo para a formação do caráter de seus alunos, quando de forma ética e competente fornecem o suporte adequado aos seus coordenandos e estão contribuindo inclusive com a economia desse país, quando formam profissionais competentes, capazes de produzir com o seu trabalho.

Enfim, concluo dizendo sem constrangimento, independente de sua religião, se é católico, protestante, espírita, pois acredito que somos uma cultura por essência cristã, o povo brasileiro vem de uma cultura cristã, então acredito que não estou ofendendo ninguém quando digo que você é criação de Deus, que foi criado a imagem e semelhança de Deus. De um Deus vivo, poderoso, bondoso, misericordioso, que tem várias qualidades, Ele te criou, você é criatura de Deus, e alguns são seus filhos, sim digo alguns, porque entendo que filho é aquele que tem o outro como pai, se relaciona com ele, ama o pai, tem intimidade, o conhece bem, o obedece e segue seus ensinamentos. Sendo assim temos também a personalidade de Deus, tendo a sua personalidade, não podemos ser qualquer coisa. Porque Deus não faz besteiras. Somos muitíssimos especiais. Acredite!

Palestra proferida em homenagem aos Educadores e diretores.

Autora: Wanilda Varela

sábado, 13 de agosto de 2011

Parte II - Orientação Sexual em Pessoas com Deficiência Intelectual

Apesar das características específicas dos jovens com Necessidades Educativas Especiais, os objetivos da Orientação Sexual não são tão diferentes dos estipulados para os alunos sem deficiência.

Objetivos da Orientação Sexual:
-Reforçar a auto-estima e valorizar a imagem corporal;
-Aumentar os conhecimentos sobre anatomia e fisiologia humanas;
-Criar habilidades de comunicação de sentimentos e necessidades sexuais;
-Promover atitudes positivas e não culpabilizantes face aos seus sentimentos e comportamentos sexuais;
-Reforçar a confiança nos seus próprios juízos;
-Facilitar o conhecimento dos riscos que poderão correr;
-Reforçar atitudes de entendimento e aceitação dos sentimentos e necessidades dos outros;
-etc.

Conteúdos da Orientação Sexual
Existem algumas áreas importantes, que variam no que se refere à etapa do desenvolvimento psicossexual dos alunos.
São eles: Corpo em crescimento; Expressões da sexualidade; Relações interpessoais e Saúde sexual reprodutiva.
Para desenvolver os conteúdos e objetivos de cada etapa precisamos nos apoiar na psicologia do desenvolvimento; na programação curricular dos objetivos e conteúdos gerais; recursos materiais e humanos e características da população alvo.
Depois de ter isto em conta podemos definir os conteúdos a abordar, como por exemplo:
- Disfunções sexuais;
- Promoção da saúde sexual;
- Anatomia sexual e reprodutiva;
- Fisiologia da resposta sexual humana;
- Aspectos socioculturais na compreensão da sexualidade;
- etc.

Para que seja possível uma melhor definição dos conteúdos a aplicar em cada fase do desenvolvimento, apresentamos em seguida as características mais importantes das principais fases de desenvolvimento:

1 Sexualidade na infância
Nesta fase, a sexualidade assume características, tais como:
Controlo dos esfíncteres; Inespecificidade do desejo e do prazer; Início da integração social; Indissociação do prazer e dos afetos; Até aos 2 anos o prazer centra-se em aspectos sensórios-motores; Após os 2 anos, as relações de apego adquirem novas formas; Interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos; A moral sexual é exterior à criança, limitando-se a imitar as normas dos adultos; etc.

2 Sexualidade na latência:
Esta Fase ocorre entre os 8 e os 12 anos de idades tem como principal característica o fato de a sexualidade neste período parecer estar adormecida.Desenvolvimento a nível intelectual; Autonomia motora e relacional; Aceitação da moral sexual; Inibição da expressão da sexualidade, pudor com o corpo; As experiências sexuais ocorrem num contexto lúdicas; A identidade sexual reconhece-se como estável ao longo do tempo e diferenciada dos papéis do gênero; Algumas modificações corporais anunciam a chegada da puberdade.

3- Sexualidade na Adolescência:
Esta Fase começa por volta dos 12/13 anos e estende-se até cerca dos 18 anos. É Marcada por mudanças qualitativas no desenvolvimento psicossexual:
Alterações a nível Físico; Capacidade reprodutiva; Vivência de sensações eróticas; Distanciamento da família e aproximação dos grupos de pares; Procura de identidade e de autonomia pessoal; Necessidade de conhecer o corpo; A masturbação é predominantemente erótica; Descoberta de si próprio, por vezes assume a experimentação sexual no grupo de iguais; Testar intenso das sensações físicas e afetos; Consolidação da orientação sexual; As relações sexuais e afetivas são questionadas e dimensionadas em torno de aspectos como a intimidade, o amor e o compromisso; etc.

Tipos de Orientação Sexual:

Orientação Sexual Informal
Esta se dá através das nossas próprias vivências quotidianas, ocorre de forma espontânea, não programada, promovida pelas pessoas que são para nós significativas, como: país, amigos, etc.
Os Pais são agentes educativos importantíssimos, uma vez que representam, para os seus filhos figuras de apego e de identificação, pelo que possuem um papel preponderante no processo de aquisição da identidade sexual e do papel do gênero.

Conforme os livros, os pares constituem a principal fonte de informação em matérias de sexualidade. A sua forte influência deve-se à proximidade das idades e dos interesses. A mídia é também uma grande influência na vida da criança (por vezes constituem um agente negativo).

Enfim, existem diversos modelos de aprendizagem de sexualidade:
Modelos reais: pais e pares; Modelos intermediários: vestuário, jogos, atividades, e pinturas; Modelos exemplares: heróis, santos, figuras públicas.

Assim a Orientação Sexual formal e intencional é necessária pois desempenha um papel importante para o desenvolvimento da personalidade das crianças/jovens, assim como contribui para colmatar algumas faltas da Educação Sexual Informal.

Orientação Sexual Não Formal e Formal
Refere-se a um processo sistemático desenvolvido por profissionais de forma intencional e programada.

1- Orientação Sexual Formal:
É um processo intencional e programado de acordo com os elementos básicos do currículo (objetivos e conteúdos gerais, objetivos e conteúdos específicos, planejamento das atividades e avaliação da aprendizagem).
Desenvolve-se no âmbito do sistema educativo, onde o professor e a escola são assumidos como meios educativos ideais. Em suma, a orientação sexual formal pode assumir uma forma disciplinar ou inter e transdisciplinar.

2 - Orientação Sexual não Formal:
Objetiva-se a corrigir erros ou insuficiências da Orientação Sexual Informal e Formal, e desenvolve-se no contexto extra curricular, quer na própria escola, quer paralelamente ao sistema educativo. Esta é levada a cabo por agentes alternativos aos professores. Neste caso, os conteúdos da orientação sexual são dados de forma mais rápida e superficial, o que faz com que não seja percebida como área de interesse para todos.

Refletindo
Os avanços da medicina e os avanços ao nível social que as pessoas com deficiência mental têm alcançado nos últimos tempos têm sido muito significativos. Atualmente, algumas pessoas com deficiência mental são capazes de viver integrados na comunidade, estando expostos a riscos, liberdades e a responsabilidades.

Observa-se que a Orientação Sexual é cada vez mais uma necessidade nas escolas, seja no Ensino com Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais ou do Ensino Regular. Sendo assim, entende-se que um trabalho com uma equipe multidisciplinar composta pelo Departamento de Educação; Professores; Psicólogos; envolvendo a família, comunidade; mídia e todos os outros intervenientes na educação da criança/jovem, possibilitará um maior esclarecimento nesta área, favorecendo assim um desenvolvimento mais harmonioso e saudável.

Autor: Pedro Santos (Professor)
Adaptação: Wanilda Varela (Psicóloga)
Data: Agosto 2011
Site: http://edif.blogs.sapo.pt/2991.html

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Orientação Sexual em Pessoas com Deficiência Intelectual.

Orientação Sexual

Introdução

As orientações nacionais do Ministério da Educação referentes à organização curricular, deverão incluir a referência à necessidade de cada escola, programar e implementar ações e programas de Educação e Orientação Sexual a nível curricular e extra-curricular, aproveitando ou criando espaços, tais como: a Formação Cívica, a Área de Projeto, o Desenvolvimento Pessoal e Social, entre outros. Então, cada escola deverá integrar estas orientações nacionais no seu Projeto Educativo e criar um núcleo responsável pela aplicação do nº2 do Art° 47 da LBSE e legislações complementares.

A Orientação Sexual cada vez se faz mais necessária nas escolas, seja no Ensino com Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais ou do Ensino Regular. Sendo assim, entende-se que um trabalho com uma equipe multidisciplinar composta pelo Departamento de Educação; Professores; Psicólogos, envolvendo a família, comunidade, mídia e todos os outros intervenientes na educação da criança/jovem, possibilitará um maior esclarecimento nesta área, favorecendo assim um desenvolvimento mais harmonioso e saudável.

Refletirmos sobre a orientação sexual é refletirmos sobre o nosso corpo, como expressamos nossos sentimentos e emoções. A Orientação Sexual compreende diversos aspectos da sexualidade e das relações que estabelecemos com os outros e conosco, enquanto seres sexuados e dotados de uma identidade sexual.

A Orientação Sexual desempenha um papel de extrema importância na promoção da auto-estima, afirmação pessoal e desenvolvimento da personalidade.

A Orientação Sexual na Pessoa com Deficiência Mental

A pessoa com deficiência mental, como qualquer ser humano tem necessidade de expressar os seus sentimentos, de uma forma específica, própria.
A repressão da sexualidade nestas pessoas pode alterar o seu equilíbrio interno. Por outro lado, a sexualidade devidamente orientada melhora o desenvolvimento afetivo e favorece a sua capacidade de se relacionar, melhorando a auto-estima e a aproximando-se mais de um padrão desejado em relação à sociedade.

Freqüentemente a discussão do tema sobre sexualidade na nossa sociedade, vem sempre acompanhada de preconceitos, mitos e discriminações. Quando esse tema se refere à sexualidade da pessoa com deficiência mental, os preconceitos e as discriminações mencionadas anteriormente intensificam e geram ainda mais polêmicas quanto às diferentes formas de abordar o assunto.

Sabemos das diferenças e temos conhecimento da diversidade das pessoas com deficiência, mas apesar dessas diferenças, a maioria é capaz de aprender a desenvolver algum nível de aptidão social e conhecimento sexual. Podendo incluir ainda, a habilidade para diferenciar os comportamentos apropriados e não apropriados, assim como para desenvolver um senso de responsabilidade no que se refere aos cuidados de nível pessoas e de relacionamento com os outros. Devemos nos apropriar dessa diversidade e traçar os caminhos para uma orientação sexual, focados nas possibilidades dessas pessoas e não nas limitações.

Em se tratando dessa problemática, discutem diversas crenças existentes na nossa sociedade, alguns autores acredita que jovens com deficiência não são sexualmente ativos (embora alguns adolescentes, com deficiência profunda possam ser menos aptos que os seus pares para serem sexualmente ativos, a crença é infundada, pois não se deve assumir que a condição de deficiência por si só, preveja o comportamento sexual).

Por outro lado, as aspirações sociais e sexuais de pessoas com deficiência não são diferentes dos seus pares, pois apesar do isolamento social que muitas pessoas com deficiência vivenciam, estudos demonstram que a maioria destes jovens, gostariam de ter relações sexuais, de se casar e ter filhos.

Pessoas com Deficiência Leve e ou Moderada

As pessoas com deficiência leve e ou moderada, são aqueles que mais geram polêmicas, isto porque estão mais próximos em termos de comportamento e de desenvolvimentos das pessoas que não tem deficiência, expressam melhor as suas necessidades e vivem mais em sociedade.

Por se relacionarem melhor com as outras pessoas e viverem mais em comunidade, estão expostos aos mesmos perigos, estímulos e pressões que as outras crianças e jovens sem deficiência. Não é incomum perguntarem: Porque não posso casar ou namorar? Quero ter filhos; minha casa, minha família; porque não posso ir a um barzinho?, e uma série de outras perguntas.

Com a finalidade de evitar situações embaraçosas como à masturbação em público, nudez, gestos obscenos e até mesmo os abusos sexuais, este público de alunos com Necessidades Educativas Especiais devem beneficiar de uma intervenção ao nível da Orientação Sexual, de forma a sensibilizá-los para situações que possam estar expostos assim como para comportamentos mais aceitáveis a ter em sociedade.

Sugerimos que as pessoas mais indicadas para auxiliar o esclarecimento destes alunos, sejam em primeiro lugar os próprios pais, professores/educadores que acompanham os alunos diariamente. Contando que sejam devidamente capacitados quanto ao tema da sexualidade. Contudo, muitos destes alunos apresentam por vezes sentimentos de solidão, privando-se das relações humanas, necessitando assim da intervenção de um psicólogo.

Infelizmente, além disto, verificam-se comportamentos superprotetores dos pais e educadores (colocando por vezes obstáculos que dificultam um melhor desenvolvimento, e por vezes a aprendizagem não é possível devido à incapacidade do sujeito, mas sim devido às condições em que ocorre o processo educativo); o percurso da maioria destes jovens (casa-escola) e o baixo investimento ao nível da auto-estima e da imagem corporal dos mesmos, também não é favorável a um desenvolvimento coerente.

Pessoas com Deficiência Profunda

As pessoas com deficiência profunda têm um grau de dependência dos outros, bem mais elevado, tendo a sua autonomia bem restrita.
A masturbação é o comportamento mais freqüente deste grupo e que causa mais embaraço com as pessoas que lidam com estes jovens, embora atualmente se trate de um comportamento que é considerado normal durante a puberdade e a adolescência.

Contudo, falta ao jovem com deficiência mental a capacidade de estabelecer barreiras entre os comportamentos que são considerados públicos e aqueles que são considerados privados. Sendo necessário que desde muito cedo, se treine este tipo de questões, tal como acontece com o controle dos esfíncteres, a alimentação, a higiene ou mesmo o local onde dormem.

(Continuação na próxima edição)

Autor: Pedro Santos (Professor)
Adaptação: Wanilda Varela (Psicóloga)
Data: Junho 2011
Site: http://edif.blogs.sapo.pt/2991.html

domingo, 8 de maio de 2011

O Trabalho da Gestão de Pessoas na Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho.

*Wanilda Varela Souza Vieira

Sabe-se que, por muito tempo, para ocupar uma vaga nas organizações, embora não fosse explícito, existia um perfil idealizado que favorecia especificamente sujeitos do sexo masculino, branco, jovem e com experiência. Essas discriminações podem ser nomeadas como discriminações negativas.

Porém, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, a globalização, as parcerias estratégicas e as leis de reservas de cotas impostas pela legislação, conforme analisaremos a seguir, estas discriminações negativas, aos poucos vêm se transformando em ações afirmativas e de aceitação à diversidade no quadro de funcionários das organizações.

De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), ratificada pelo Brasil no ano de 1965, define Discriminação:
Artigo 1 – 1. a) toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão;
b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamentos em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de consultas às organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas exitam e outros organismos adequados.

Esclarece também:
Artigo 1 – 2. b) que Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde que a diferenciação não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência. Nos casos em que a legislação interna preveja a declaração e interdição, quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não constituirá discriminação (GUGEL, 2007, p. 209).

Baseando-se nas citações acima, pode-se dizer que a discriminação pode ser uma ação ou omissão que resulta na restrição dos direitos dos sujeitos desfavorecendo-os. Trata-se, portanto de uma discriminação negativa e injusta.

Por outro lado, a ação afirmativa, com fundamento no direito a igualdade, exige da sociedade a construção de um conjunto de pressupostos que venham expressar os fins sociais, a proteção dos valores da justiça social e do bem comum. Conforme Gugel (2007), os comando programáticos constitucionais do artigo 3°, são “erradicar [...] e reduzir as desigualdades sociais [...]; promover o bem de todos sem preconceito [...] e qualquer formas de discriminação“.

Conforme Heinski (2003), para as pessoas com deficiência as ações afirmativas, fundamentadas na aceitação e compreensão, significam que elas podem ter oportunidade de serem incluídas no “mundo do trabalho”. Ao recrutar pessoas com deficiência a organização possibilita que o mesmo desempenhe um papel ativo na sociedade, deixando de ser um sujeito passivo de serviços especializados para tornar-se um produtor e consumidor consciente e criativo.

Segundo Shakespeare (1997), o trabalho proporciona à pessoa com deficiência, dignidade e controle sobre sua vida. Ter um emprego e conservá-lo expressa o quanto ela está incluída socialmente. Sem contar no ganho de seu próprio sustento. Estar trabalhando para a pessoa com deficiência e para qualquer outro sujeito, contribui para elevar sua auto-estima, se relacionar com um maior número de pessoas e a se considerar inserida socialmente.

Entretanto, atualmente, na conjuntura econômica e social, um sujeito para ser socialmente aceito e ingressar no mercado de trabalho, exige-se que corresponda a um padrão estético e/ou intelectual idealizado pela sociedade. É necessário que esse se destaque dos demais concorrentes, pois as organizações procuram o que há de melhor no mercado de trabalho em relação a eficiência e eficácia.

Portanto, para atender as demandas, o candidato à vaga, além de estar qualificado, apresentando as competências técnicas e comportamentais exigidas, deve ter experiência na função a exercer, ter condições físicas, psicológicas e comportamentais compatíveis com a exigência do cargo (HEINSKI, 2003).

Sendo assim, no atual mercado, a pessoa com deficiência já inicia a competição em desvantagem, porque, ao que se percebe, não poucos administradores e empregadores fazem a projeção de que se um corpo é deficiente é também improdutivo. Tal modo de pensar remete a pessoa com deficiência a uma condição de inferioridade em relação às pessoas economicamente produtivas. Contudo, o sujeito pode possuir uma deficiência, mas não ser deficiente para executar um trabalho.

Daí a importância de se ter esclarecido, inicialmente neste artigo, a definição de “discriminação“, "ações negativas" e "ações afirmativas",pois temos ciência que a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e o trabalho da gestão de pessoas, perpassa por este caminho.

Referencial Bibliográfico:

*Para citar este artigo você deve fazer a seguinte referência do autor:

Vieira,Wanilda Varela Souza. O Trabalho da Gestão de Pessoas na Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho. blogger:falapsico.blogspot.com. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA EXECUTIVA. Direitos dos usuários dos serviços e das ações de saúde no Brasil: legislação federal compilada – 1973 a 2006 / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.

GUGEL, Maria Aparecida. Pessoas com deficiência e o direito ao concurso público: reserva de cargos e empregos públicos, administração pública direta e indireta./Maria aparecida Gugel – 2ª Ed. Ver. – Brasília, Secretaria Especial dos Direitos Humanos. 2007.

HEINSKI, Rosângela Maria Mendonça Soares. Artigo: Recrutamento da diversidade da mão-de-obra: um desafio quando se trata de pessoas portadoras de deficiência? Professora da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA - na disciplina de Eficiência Pessoal e das Faculdades Porto Alegrenses – FAPA nas disciplinas de Administração de Recursos Humanos I e II – Mestre em Administração UNISINOS, 2003, Perita Judicial.

SHAKESPEARE, Rosemery. Psicologia do deficiente. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Termo Atualmente Usado, no que se Refere à Pessoa com Deficiência

*Wanilda Varela Souza Vieira

Há alguns anos as pessoas identificavam uma pessoa com deficiência física como aleijado, defeituoso, incapacitado; um deficiente visual como ceguinho; uma pessoa com deficiência auditiva como surdo-mudo; uma pessoa com deficiência intelectual como deficiente mental ou retardado. Estas terminologias estão atualmente em desuso. Hoje, são várias as definições e termos empregados, que se aproximam mais da realidade de uma pessoa com deficiência. Segundo Sassaki (2003), o termo atualmente mais utilizado é pessoa com deficiência.

Não muito tempo atrás, para se referir a pessoas com limitações, utilizavam-se as expressões “inválido”, “incapaz”, “excepcional” e “pessoas deficientes” , até que o Movimento Internacional de Pessoas com Deficiência trouxe o termo “pessoa portadora de deficiência”, adotado pela legislação brasileira. Entretanto, a visão internacional, por meio de convenções e declarações entende, que as deficiências não se portam, elas estão com a pessoa ou na pessoa.

Quanto ao termo “pessoas portadoras de necessidades especiais”, vê-se bastante o uso equivocado desse termo, pois se trata de um termo próprio da área de educação, sancionado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Designa não só as pessoas com deficiência, mas os superdotados, obesos, idosos, autistas, pessoas com distúrbios de atenção, emocionais e outros. Alerta-se também o uso inapropriado de siglas, pois as mesmas devem se restringir especificamente as marcas, tão bem demonstradas nos meios de comunicação e propaganda e não para designar pessoas, sujeitos de direitos (GUGEL, 2007).

Utiliza-se no artigo, conforme Jaime e Carmo (2005), o termo “Pessoa com Deficiência” por ser internacionalmente o mais utilizado e por ser definido pela Organização Internacional do Trabalho, Convenção nº. 159 de 1983, em que a pessoa com deficiência é aquela em que a possibilidade de permanecer e progredir no emprego está limitada em decorrência de uma reconhecida desvantagem física ou mental, e utilizando quando necessário o termo “pessoas portadoras de deficiência”.

Adotamos a denominação “pessoas com deficiência” não por modismo ou por preocupação em parecer politicamente correto, mas por entendermos que, desta forma, prioriza-se a questão substantiva (“pessoas”) colocando-a antes do aspecto adjetivo (“com deficiência”) – uma dentre várias características que as pessoas podem ter, ou não. A expressão “pessoas portadoras de deficiência” foi utilizada em alguns trechos do artigo para manter a redação original de textos legais (Jaime; Carmo, 2005, Pág. 17).

Atualmente, ainda nos deparamos com profissionais e com literaturas fazendo menção a termos impregnados de preconceitos e estereótipos. Paralelamente, observa-se o avanço da sociedade, na busca de uma melhor compreensão quanto a esse público.

Depois de múltiplos fóruns e anos de discussão nos movimentos sociais das pessoas com deficiência, podemos reafirmar e estender esse conceito juntamente com Gugel (2007), que propõe a utilização dos seguintes “termos“: ‘pessoa com deficiência’, ’pessoa que tem deficiência física’; ‘auditiva (pessoa surda)’; ‘visual (pessoa cega)’ ou ‘mental’.

Contudo, segundo Gugel (2007), quando se faz referência à lei de aplicação devem ser considerados os mesmos termos utilizados na Constituição da República de pessoa portadora de deficiência (Art.23, II; XIV; 37, VIII; 203, IV); portador de deficiência (Art. 7°, XXXI; 208, II).

É extremamente importante compreender os termos e conceitos, pois isso representa um avanço na inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, possibilitando novas oportunidades. Dá-nos uma compreensão real do que esse sujeito é capaz, quais são suas possibilidades, suas limitações e o mais importante: Previne os enquadramentos equivocados e evitam-se as habilitações indevidas, como se tem visto, não poucas vezes nas organizações.

*Psicóloga, Especialista em Psicologia do Trabalho e das Organizações - Unileste-MG,Ipatinga-MG/2011.

Referêncial Bibliográfico:

GUGEL, Maria Aparecida. Pessoas com deficiência e o direito ao concurso público: reserva de cargos e empregos públicos, administração pública direta e indireta./Maria aparecida Gugel – 2ª Ed. Ver. – Brasília, Secretaria Especial dos Direitos Humanos. 2007.

JAIME, Lucíola Rodrigues; CARMO, José Carlos do. A inserção da pessoa com deficiência no mundo do trabalho: o resgate de um direito de cidadania / Lucíola Rodrigues Jaime, José Carlos do Carmo. – São Paulo: Ed. Dos Autores, 2005.


SASSAKI, Romeu Kasumi.Terminologia sobre deficiência na era da inclusão-2003–em:HTTP:WWW.educacaoonline.pro.br/art¬terminologia_sobre_deficiencia.asp?f_id_artigo=577. Acesso: 15 de Março de 2011.

domingo, 17 de abril de 2011

Breve Relato dos Principais Acontecimentos da História da Educação dos Surdos no Mundo e no Brasil

Acreditamos que a história sempre nos faz refletir e entender os fatos atuais, que o presente não está descolado do passado, que a trajetória é importante pra ser vista como um processo.

Na tentativa de refletirmos sobre a situação dos surdos de Ipatinga, as políticas públicas, sua inclusão, sua trajetória e seu atual processo, procuramos fazer uma síntese da história da educação dos surdos no mundo e no Brasil.

Constam nos autos que os primeiros educadores de surdos surgiram no século XVI, pelos monges beneditinos. Destaca-se, na Espanha, no ano de 1570 o monge Pedro Ponce de Leon, que deu origem a língua de sinais, foi dado a ele também o mérito de provar que o surdo era capaz.

Em 1620 o padre espanhol Juan Pablo Bonet, filósofo e soldado, considerado um dos primeiros preceptores de Surdos, escreveu o primeiro livro de surdos-mudos (expressão usada na época, atualmente em desuso) com o nome de “Redação das Letras e Artes de Ensinar os Mudos a Falar”, Bonet foi o primeiro quem idealizou e desenhou o alfabeto manual.

No ano de 1755, o francês abade Charles-Michel de L’ Epée, considerado o “pai dos surdos”, fundou a primeira escola para ensino de surdos em Paris.

Em 1864 Edward Gallaudet, fundou a primeira faculdade para Surdos, localizada em Washington. Clerc, personagem importante dessa história, professor surdo e também um dos fundadores da faculdade, defensor da língua de sinais, falece. Em 1869 é implantado o oralismo.

Em 1878 as instituições de educação de surdos se disseminaram por toda a Europa, no auge da educação de surdos, em 1880, em Paris, aconteceu o Segundo congresso Internacional de Surdos-mudos, instituindo que o melhor método para a educação de surdos seria o oralismo, apenas um surdo participou desse congresso, sendo convidado a se retirar no momento da votação.

Diversos países da Europa adotaram o método oral, acreditando que seria o melhor para a educação de Surdos. Observou-se a decadência na educação e na cultura surda, pois uma determinação mundial colocou-os numa posição submissa, quando lhes proibiram por quase 100 anos, de usar uma língua que lhes era de direito.

Passados mais de dois séculos podemos compreender porque essa comunidade surda se mostra desconfiada em relação aos ouvintes, preferem casamentos entre si, gostam de viver em “guetos” e estudar com os iguais.

Compreendemos que apesar do passado traumático, nossos antepassados pensaram ser o melhor na época. Nos sensibilizamos, os estudiosos defensores do oralismo se deram por vencidos, resolveram aceitar o uso da língua de sinais como possibilidade para os surdos.


História da Educação de Surdos no Brasil


No Brasil, a educação de surdos teve início durante o segundo império, com a chegada do educador francês Ernest Huert. Deu-se a origem da Língua Brasileira de Sinais com grande influência da língua francesa. Huert solicitou a D. Pedro II, um prédio para fundar , em 26 de setembro de 1857, o primeiro Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos – INES. Importante instituição na disseminação da cultura surda.

Desde 1980, a filosofia educacional do bilingüismo tem sido difundida no Brasil.

Temos tido o privilégio de visualizarmos através dos movimentos das pessoas Surdas e da sociedade de uma forma geral, vários avanços quanto a socialização, inclusão e educação dessa comunidade específica.

No dia 24 de abril no ano de 2002, foi aprovada a lei 10.436, sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, que em seu Art. 1º Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundo de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

E em seu Art. 2º. Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

Podemos mencionar também o Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005, onde o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, no uso de suas atribuições, no referido decreto, define o que é a pessoa surda, o que é deficiência auditiva, inclui a LIBRAS como disciplina curricular, fala da formação do professor de libras e do instrutor da educação de surdos, entre outros destaca o papel do poder público no apóio e difusão da LIBRAS.

Recentemente no dia 02 de setembro de 2010, o mesmo presidente LULA regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da libras. Fechando a lacuna que faltava ás empresas quanto à regulamentação da contratação do mesmo.

Em Belo Horizonte, Minas Gerais, aos 10 de Janeiro de 1991, através da lei Estadual 10.379, o Governador Newton Cardoso reconhece oficialmente, no Estado de Minas Gerais, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, a linguagem gestual codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Em seu Art. 1º- Fica reconhecida oficialmente, pelo Estado de Minas Gerais, a linguagem gestual codificada na Língua Brasileira De Sinais - LIBRAS - e outros recursos de expressão a ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente.

História da Educação de Surdos na cidade de Ipatinga

Trazendo esta história para mais perto de nós, podemos citar vários segmentos de nossa cidade que fizeram e fazem parte desse árduo movimento em prol da ascensão dos surdos em nossa sociedade.
Assim como os primeiros educadores de surdos foram os monges beneditinos, não aconteceu diferente em Ipatinga. Podemos observar que grande parte dos intérpretes surgiram de entidades religiosas e um dos primeiros movimentos de difusão e divulgação dessa cultura se deu pelo trabalho desenvolvido por membros da igreja Batista do Bom Retiro, pelo ministério com surdos Korban, que há 17 anos tem como missão não só evangelizar os surdos mas também de incluí-lo na sociedade, instruindo-o e capacitando-o a ministrar cursos de LIBRAS em diversos segmentos.

Outro importante marco foi a fundação da Associação de surdos de Ipatinga - Asipa, a partir desse movimento foi criada a primeira classe de surdos em Ipatinga, situada na Escola Maria Rodrigues Barnabé. Pioneira na educação de surdos, um exemplo de inclusão e cidadania. Outras escolas foram surgindo, podemos citar a Escola Estadual João XXIII, a Escola Municipal Altina. Cremos que outras surgirão, pois continuaremos a lutar. Nosso desejo é que a inclusão dos surdos seja algo espontâneo, sem tanto sofrimento.

Em relação ao poder público, podemos mencionar através da luta dos surdos, entidades e amigos parceiros da cidade de Ipatinga, as vitórias já alcançadas, como o direito ao passe livre. Pela recente lei de nº 2.640 de 14 de setembro de 2009, de autoria do vereador Nilton Manoel que dispõe sobre a oficialização da LIBRAS em todas as repartições públicas. Pela Lei Nº 2603 de 23/09/2009 que "Institui no Calendário Oficial de Eventos do Município de Ipatinga, o Dia Municipal dos Surdos, a ser realizado, anualmente, no dia 26 de setembro”. Em seu Art. 2º cita que “O Executivo, por intermédio de seu órgão competente, promoverá atividades que contribuam para uma reflexão sobre a condição de vida do surdo, possibilitando-lhe maior inserção social e política”.

Acreditamos que muito ainda está por fazer, precisamos nos conscientizar do nosso papel como governantes, educadores, terapeutas e familiares das pessoas surdas. Necessário se faz nos unirmos e nos empenharmos para fazer com que essa barreira comunicativa possa, a cada dia, se estreitar. Que possamos viver num mundo com as mesmas oportunidades para todos, independente de suas características.

P.S: Discuso proferido na Assembléia de abertura do "Dia de Conscientização da Pessoa Surda", na Câmara Municipal de Ipatinga

Pesquisa de autoria da Professora intérprete da LIBRAS – Wanilda Varela Souza Vieira.

Referências Bibliográficas:

Varela, Wanilda Souza Vieira. Breve Relado dos Principais Acontecimentos da História da Educação de Surdos no mundo e no Brasil. Discurso de abertura da audiência pública da pessoa Surda, realizada na Câmara Municipal de Ipatinga, dezembro de 2010.

HONORA, MÁRCIA. Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: Desvendando a comunicação Usada pelas Pessoas com Surdez/Márcia Honora, Mary Lopes Esteves Frizanco. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.

INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos. Rio de Janeiro. 2006. (?????)

Site: http://www.ebah.com.br/minas-gerais-leis-libras-e-surdos-pdf-a63791.html. Acesso em 01/11/2010.

Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles-Michel_de1’%C3%89%. Acesso em 30/10/2

Parte II: Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho: A Visão do psicólogo Organizacional

Resultados

Os resultados apresentados caracterizam o perfil das organizações e dos psicólogos entrevistados. Quanto a Identificação, dos 10 psicólogos entrevistados 100% possuem pós-graduação em psicologia organizacional e desses, 20% possuem mestrado em psicologia da gestão de pessoas. Quanto ao tempo de formação e atuação, entre 2 a 23 anos de profissão. 40% realizaram algum curso na área de inclusão da pessoa com deficiência, respondendo ter sido de grande utilidade. !00% responderam ser relevante as Instituições de Ensino Superior incluírem disciplinas relacionadas a inclusão da pessoa com deficiência em todos os cursos.

Quanto a Instituição, os psicólogos entrevistados estão inseridos em empresas que compõe em seu quadro de 12 a 550 funcionários. Chegando a ter inserida de 2 a 8 funcionários com deficiência física, sendo essas de leve a moderada. 100% dos psicólogos entrevistados responderam que as empresas não sofreram nenhuma adaptação quanto as estruturas e equipamentos com a inclusão das pessoas com deficiência em seu quadro funcional.

Quanto a pessoa com deficiência,100% dos psicólogos entrevistados responderam que não havia diferença quanto ao desempenho das atividades, produtividade, responsabilidade na atividade desenvolvida, nível de absenteísmo e pontualidade em relação aos demais companheiros nas instiuições. 100% dos entrevistados responderam que as pessoas com deficiência estão sempre motivados para o trabalho.

Quanto a supervisão e controle específico nas atividades desempenhadas, 90% responderam que não há supervisão específica e 10% responderam que executam essa supervisão e controle, por causa da deficiência. 100% dos entrevistados responderam que todos se relacionam e interagem muito bem com os demais funcionários. Os entrevistados responderam que 90% das pessoas com deficiência que começaram a trabalhar na empresa estão até hoje, somente 10% respondeu que eles saíram pelo fato de ter escolhido outro tipo de trabalho.

Quanto ao trabalho de recursos humanos na instituição, 10% das pessoas com deficiência exercem algum cargo de liderança na instituição, os outros 90% estão inseridos em serviços gerais e administrativos. 90% dos entrevistados responderam que não havia contratado nenhuma pessoa com deficiência no quadro funcional antes da regulamentação da lei de cotas, 10% responderam que já havia contratado.

Quanto a atividade do psicólogo na instituição, ligada a gestão de pessoas com deficiência, 90% respondeu que desenvolve o trabalho de recrutamento e de seleção. 10% respondeu que além do recrutamento e seleção, desenvolve um programa de inclusão. Em se tratando das principais dificuldades quanto ao recrutamento e seleção das pessoas com deficiência, 90% responderam da falta de capacitação, formação e qualificação do profissional de recursos humanos e da pessoa com deficiência e 10% responderam que não encontravam o perfil adequado.

Quanto as estratégias utilizadas no recrutamento das pessoas com deficiência, 100% responderam que recorre as intiuições como APAES, ADEFI, amigos e funcionários, 30% responderam que além desses recursos utilizam também anúncios em jornais e internet.

Quanto a estratégia de seleção, 100% responderam que utilizam entrevista,testes psicológicos e dinâmicas de grupo ou individual. 30% responderam que além dos citados, realizam uma avaliação psicológica. 20% quando há algum surdo, solicita um acompanhante ou um intérprete de libras. 100% dos entrevistados responderam que não há acompanhamento dessas pessoas quanto ao desenvolvimento de sua satividades, somente é realizada uma avaliação de desempenho, assim como os demais funcionários. 100% dos entrevistados responderam que vê a pessoa com deficiência como outra pessoa qualquer, normal, com um grande potencial, sem preconceitos, positivamente.

Análise dos Resultados e Discussão

A pesquisa identificou que um avanço é observado, mesmo que timidamente em relação a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Observou-se as dificuldades vivenciadas pelos psicólogos na gestão dessas pessoas, a necessidade de um preparo e qualificação tanto do psicólogo quanto da pessoa com deficiência para a inclusão neste mercado e a necessidade da conscientização das empresas ao cumprimento dos decretos e leis existentes quanto a reserva de vaga e equiparação de oportuniddes a pessoa com deficiência nas organizações.

A pesquisa evidenciou que 90% das empresas pesquisadas do Vale do Aço com mais de 100 funcionários não estão cumprindo com a lei de reserva de vagas para pessoa com deficiência. Pois dados como a Empresa y que tem em seu quadro 300 funcionários, apenas 7 são pessoas com deficiência, enquanto o observado pela lei seria 9; a empresa x que tem em seu quadro 535 funcionários, apenas 5 são pessoas com deficiência, enquanto observado pela lei seria 21; a empresa h que tem 452 funcionários, apenas 5 são de pessoas com deficiência, enquando observado pela lei seria 14.

Dados como estes comprovam as estatística do IBGE para o Censo-2000, quando afirma que aproximadamente 24,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, ao que indica somente 537 mil estão inseridos no mercado de trabalho para uma comunidade nacional de 26 milhões de trabalhadores ativos (GUGEL, 2007, p.19).

As estatísticas comprovam o número significante dessa população, percebe-se também o número insignificante inserido no mercado de trabalho. Indagamos então as questões referentes ao Decreto n.° 3.298, de 20 de dezembro de 1999, seção IV, art.36 onde institui que a empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Destaca-se na pesquisa que o perfil da pessoa com deficiência é de um sujeito sem formação e qualificação profissional, pois de acordo com a fala de um dos psicólogos entrevistados: "Eles não tem formação profissional, não tem qualificação, a gente custa a encontrar pessoa deficiente pra preencher a vaga e quando a gente encontra não encaixa no perfil“. Segundo a pesquisas esses foram os principais fatores citados quanto a gestão dessas pessoas e sua inclusão no mercado de trabalho. Este fato também nos dá um entendimento da possível causa dos 90% das pessoas com deficiência estarem inseridas em cargos menos qualificados como serviços gerais (limpeza, embalagens) e administrativos (recepção).

Destaca-se também a importância da regulamentação da lei de cotas, pois só após esta lei é que observamos a inclusão das pessoas com deficiência. Em 90% das falas ouvimos: “Contratamos após a lei de cotas“. Observa-se então que mesmo prevista em lei, a contratação dessas pessoas não acontece de forma expontânea.

A pesquisa também evidenciou que as práticas e estratégias utilizadas pelos psicólogos quanto a gestão dessas pessoas não foram modificadas, os mesmos recursos que utilizam para as pessoas sem deficiência, utilizam para as pessoas com deficiência. Ou seja os testes, dinâmicas, entrevistas e avaliações psicológicas não foram adaptadas levando em conta as possíveis limitações. Exemplificando poderíamos citar uma pessos surda, precisaria de um intérprete de libras. Somente 20% disseram que pedem para virem acompanhadas do familiar ou de um intérprete.

Conforme Heinski (2003), a gestão das pessoas com deficiência deve ser cuidadosamente planejada, a empresa deve se preparar, se adaptar. A contratação das pessoas com deficiência requer uma política intra-empresarial e organizacional que envolve toda a estrutura hierárquica da empresa. Faz-se necessário que diretores, gerentes, chefes e funcionários entendam as várias dimensões dessa realidade. Do contrário, as pessoas com deficiência poderão ser contratadas a contragosto, ou somente para preencher a “cota da reserva de vagas”. Assim essas pessoas tenderão a ser marginalizada e a gestão poderá resultar em desperdício de esforços, tempo e dinheiro. A contratação da pessoa com deficiência requer, por parte da empresa, uma gestão da diversidade da mão-de-obra.


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